Blog sobre Lisboa onde se compara fotografias antigas com a actualidade
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Largo do Chafariz de Dentro / Igreja de Santo Estevão
O Largo do Chafariz de Dentro é uma das praças mais antigas de Lisboa e centralidade, de primeira importância,no bairro de Alfama. Como elemento fundamental na estruturação do mesmo temos,como o próprio nome indica, o Chafariz de Dentro, um dos mais antigos de Lisboa a par do Chafariz d/El-Rei.
Existem duas explicações para a origem deste nome, a primeira do século XV, tem a ver com as bicas do chafariz que teriam a forma de cabeças de cavalo,em bronze. Aquando do cerco de Lisboa por Henrique II de Castela, em 1373, os castelhanos tentaram levá-las como saque.
A segunda explicação remete para o nome dos dois chafarizes, o de El-Rei seria destinado à
população, o dos Cavalos a dar de beber aos animais.
Após o já referido cerco de 1373, o Rei Dom Fernando promove, entre 1373/1375, a construção da chamada Cerca Fernandina para defender os arrabaldes da cidade, que há muito se tinham
expandido para ocidente e oriente. O Chafariz dos Cavalos vai ficar integrado intramuros e começa a ser igualmente conhecido como de Dentro.
O troço de muralha construído no largo era ladeado por duas torres, ainda hoje podemos observar o local onde uma delas se encontrava, concretamente, no edifício da Rua do Terreiro do Trigo, nº 2-4,que preserva a escadaria de acesso ao adarve da torre/muralha. Originalmente existia uma porta,nomeada Porta do Chafariz dos Cavalos ou de Dentro.
O chafariz sofreu obras de melhoramentos no reinado de Dom João II (1494). Tendo em conta o
caudal, o monarca solicitou a construção de um caneiro para a praia, extramuros, permitindo, assim, o abastecimento de água aos navios.
As obras são necessárias para o abastecimento das naus, em plena época dos Descobrimentos, e o bairro de Alfama vai fornecer a mão-de-obra necessária para a expansão marítima. A importância desta comunidade, ligada às actividades marítimas, vai reflectir-se na construção, em 1517, de uma ermida em honra de Nossa Senhora dos Remédios e de um hospital anexo, para os pescadores chinchéus (pesca à rede) e para os pescadores linhéus (pesca à linha), nas imediações do Largo do Chafariz de Dentro.
No período Filipino a zona sofre grandes transformações, dada a necessidade de aproveitamento do enorme caudal de água do Chafariz de Dentro. Assim, no lado oriental da muralha, extramuros, foi construído um aterro sobre a praia e edificado um novo chafariz, chamado dos Paus ou da Aguada.
De acordo com os dados obtidos na presente intervenção arqueológica, terá sido construído nos
finais do século XVI, possivelmente, com o propósito de abastecer de água a Invencível Armada
que sairia de Lisboa em 1588. A sua edificação vai desactivar o caneiro de Dom João II, assegurando a funcionalidade de fazer a aguada dos navios.
Para além das obras de melhoramento realizadas no Chafariz de Dentro, em 1622, foi construído na praia um novo chafariz à custa do real do povo, em 1625, que ficou conhecido como o Chafariz da Praia,também este alimentado pelas águas do Chafariz de Dentro.
A construção dos dois novos chafarizes indicia, não só, o elevado caudal do Chafariz de Dentro,
como, também, o aumento da procura que tornou necessário maximizar o seu aproveitamento. Esta zona torna-se crucial no abastecimento de água da Lisboa seiscentista.
Eventualmente afectado pelo terramoto de 1755, em 1765 procede-se à demolição do troço de
muralha frente ao largo e a pedra é reaproveitada na construção do novo edifício do Terreiro do Trigo.
A construção da Estação Elevatória da Praia, em 1868, no local do actual Museu do Fado , retira função ao Chafariz da Praia que acaba por ser demolido já no século XX. O Chafariz de Dentro mantém-se em funções até perto da década de 60.
Igreja de Santo Estevão
O presente edifício terá sido reedificado entre 1733 e 1740 sobre uma anterior estrutura do século XII, obedecendo ao projecto do arquitecto José da Costa Negreiros, que aqui apostou numa orientação pouco ortodoxa, no sentido Norte-Sul.
Com o grande terramoto de 1755 sofreu alguns danos, reabrindo ao culto em 1773, e já na década de 30 do século XIX foi objecto de novos trabalhos de restauro.
A Igreja surge, então, num estilo Barroco, com planta oitavada e fachada irregular dividida em três corpos, enquadrada por duas torres sineiras, das quais resta hoje somente uma, tendo a outra sido irremediavelmente destruída aquando o grande terramoto.
O interior é rico e faustoso, destacando-se o belo altar-mor com o retábulo de pedra e o conjunto de esculturas atribuídas a José de Almeida, em talha. De igual interesse, o importante conjunto de azulejaria patentes na sacristia velha e uma custódia de prata dourada que guarda uma pequena âmbula de cristal dentro da qual se encontra uma hóstia consagrada.
LOCALIZAÇÃO
Nao encontrei nenhuma referencia as «Colunas Jonicas». Serao Romanas?
ResponderExcluir