Antes da construção da ermida de São Roque,
que depois foi igreja, era terra de hortas e muitas oliveiras. Quando
em 1506 Lisboa sofreu uma grande peste foi necessário improvisar um
cemitério fora da cidade, no triste “chão fúnebre” o rei mandou
construir uma ermida dedicada a São Roque, padroeiro contra as pestes.
Em 1533, os padres jesuítas tomaram conta da ermida e, dois anos depois,
começou a ser construída a igreja que prestigiou o Bairro Alto.
Neste
largo destacou-se o Palácio Niza, erguido em 1543, que o Terramoto
arruinou e os proprietários, fidalgos, descendentes de Vasco da Gama,
não quiseram reconstruir. Os sucessivos donos vão alterando o seu
aspecto e funções (Teatro Pitoresco, a Escola Académica, a antiga
Companhia de Carruagens, o Jornal “A Manhã”), até que em 1926 é vendido à
Misericórdia de Lisboa.
O arquitecto Tertuliano Marques fez as obras de adaptação sobre as fundações antigas.
Em
1860 a CML, na tentativa de regularizar e aformosear o largo, manda
destruir os casebres ali construídos sobre a ruína de casas fidalgas,
depois do Terramoto, e em 1863 dá ordem para arborizar.
Também ali se
encontra uma “memória” - hoje vulgarmente designada de “palmatória” -
oferecida, em 1862, pelos italianos residentes em Lisboa, comemorativa
do casamento do Rei D. Luís. Onde se lê: “Pelo fausto consórcio de Suas
Magestades El-Rei D. Luiz de Portugal e a princesa Maria Pia de Saboia,
em 6 de Outubro de 1862, novo penhor da fraternidade entre os dois
povos”.
A partir de 8 de Outubro de 1913 quis a Câmara Municipal de
Lisboa que se passasse a chamar de “Trindade Coelho”, a tradição oral
tem sido mais forte, e todos lhe chamam largo de São Roque.
Igreja de São Roque
A Igreja de São Roque é uma igreja católica , dedicada a São Roque e mandada edificar no final do século XVI, com colaboração de Afonso Álvares e Bartolomeu Álvares. Pertenceu à Companhia de Jesus,
sendo a sua primeira igreja em Portugal, e uma das primeiras igrejas
jesuítas em todo o mundo. Foi a igreja principal da Companhia em
Portugal durante mais de 200 anos, antes de os Jesuítas terem sido
expulsos do país no século XVIII. A igreja de São Roque foi um dos raros
edifícios em Lisboa a sobreviver ao Terramoto de 1755 relativamente
incólume. Tanto a igreja como a residência auxiliar foram cedidas à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, para substituir os seus edifícios e igreja destruídos no sismo. Continua a fazer parte da Santa Casa hoje em dia.
Aquando da sua construção no século XVI, foi a primeira igreja
jesuíta a ser desenhada no estilo "igreja-auditório", especificamente
para pregação. Tem diversas capelas, sobretudo no estilo barroco do século XVII inicial, sendo a mais notável a de São João Baptista, do século XVIII, projecto inicial de Nicola Salvi e Luigi Vanvitelli,
depois alterado com a intervenção do arquitecto-mor João Frederico
Ludovice, como se pode verificar pela correspondência entre Ludovice e
Vanvitelli, publicada por Sousa Viterbo e R. Vicente de Almeida em 1900.
Ludovice enviou uma série de desenhos para Itália com as alterações
impostas, uma vez que Vanvitelli se recusara a alterar o projecto
inicial. Foi encomendada em Itália por Dom João V em 1742. Chegou a Lisboa em 1747 e só ficou assente em 1749. É uma obra-prima da arte italiana, única no mundo, constituída por quadros de mosaico executados por Mattia Moretti, sobre cartões de Masucci, representando o Batismo de Cristo, o Pentecostes e a Anunciação. Suspenso da abóbada, de caixotões de jaspe moldurados de bronze, é de admirar um lampadário
de excelente execução da ourivesaria italiana, enquadrado por um
admirável conjunto de estátuas de mármore. Supõe-se que à época tenha
sido a mais cara capela da Europa.
A fachada, simples e austera, segue os cânones impostos então pela igreja reformada. Em contraste, o interior é enriquecido por talha dourada, pinturas e azulejos e constituiu um importante museu de artes decorativas maneiristas e barrocas. Tem azulejos dos séculos XVI e XVII, assinados por Francisco de Matos.
O tecto, com pintura de interessante simbologia apresenta caixotões.
A talha, maneirista e barroca, é rica e variada, com retábulos de
altares e emoldura pinturas. Há mármores coloridos embrechados à
italiana e um boa coleção de alfaias litúrgicas.
Ao lado do edifício, no Largo Trindade Coelho, está o Museu de Arte Sacra de São Roque, que tem compartimentos ligados com a igreja.
Palácio Brito Freire
Grande Palácio dos meados do século XVII, foi mandado erigir pelo Fidalgo da Casa Real Gaspar de Brito Freire.
LOCALIZAÇÃO