quinta-feira, 14 de março de 2013

Cine-Teatro Capitólio



O Cine-Teatro Capitólio é um edifício classificado de importância arquitectónica internacional. Localiza-se no Parque Mayer, um antigo recinto de diversões de Lisboa inaugurado em 1922.
Luis Cristino da Silva, um dos arquitectos mais proeminentes do Século XX português e considerado por especialistas como o introdutor do modernismo em Portugal, foi o autor do projecto do Capitólio e o Engenheiro José Belard da Fonseca foi o autor da inovadora estrutura de betão armado. Quando foi inaugurado oficialmente a 10 de Julho de 1931 e aberto ao público, a 11 de Julho, tornou-se num manifesto sem precedentes em Portugal, representando o espírito do mundo moderno.
Este cine-teatro foi inaugurado com uma série de inovações que o distinguiram das demais construções, como a introdução de uma escada rolante e de uma esplanada no terraço a 11 metros de altura. Foi equipado com um dos melhores sistemas de som do mundo da marca alemã Bauer.
Tinha-se iniciado uma nova era na arquitectura, sendo representativos desse período os edifícios do Diário de Notícias e do antigo Hotel Vitória, ambos na Avenida da Liberdade; o edifício da Standard Eléctrica na Avenida da Índia; a Estação de Sul e Sueste; o edifício do cinema Cinearte em Santos, etc. De todos, o Capitólio é dos mais representativos do modernismo.
A sala era desmesuradamente grande, podendo albergar 1391 espectadores, número que esmagava qualquer lotação de outro cinema existente naquela altura. 
No palco na esplanada do terraço podia-se assistir a espectáculos de variedades, com actores estrangeiros, estreando todas as semanas, novos espectáculos, e tambem ouvir música por uma orquestra privativa, de seu nome “Capitólio Jazz”. Tudo complementado por um esmerado serviço de bar…
Nos dias de mau tempo, o terraço era encerrado e na sala de cinema passava a decorrer espectáculos mistos incluindo a 1ª sessão de cinema e a 2ª sessão de variedades e concerto.  

Foram feitas obras de remodelação e conservação, acedendo-se ao exterior por amplas portas envidraçadas, que foram entaipadas na primeira remodelação em 1933. Ainda nesse ano foi montado no terraço-esplanada, uma cabine de projecção para sessões ao ar livre.
Em 1935/36, a planta de edificio foi novamente alterada sob a supervisão de Cristino da Silva. Foi acrescentado à sua estrutura primitiva mais um pavimento no balcão, além de frisas e camarotes, todo o palco foi reestruturado tal como a cabine cinematográfica. Ficou então habilitado a receber 1400 espectadores.
Como tantos "gigantes" que existiram em Lisboa e que não resistiram, também o Capitólio começou a perder qualidade no seu programa artistico, chegando a transmitir filmes pornográficos. Em 1972, estreou neste cine-teatro o mítico filme de Gerard Damiano Garganta Funda, como também o famoso O Diabo em Ms. Jones, dois filmes pornográficos que marcaram a década de 70.
Com a entrada em decadência do Parque Mayer, também o Capitólio acabaria por perder público e encerrar no início dos anos 80. Em 1983 foi declarado imóvel de interesse público, mas nada foi feito desde essa altura para evitar que o abandono e a ruína tomasse conta do edifício. No novo milénio surgiu um projecto de grande envergadura destinado a reconverter o Parque Mayer e devolver ao espaço as luzes e público de outrora, mas no projecto estava prevista a demolição deste edificio com vista à construção de novas infra-estruturas. 
 Um grupo de cidadãos lutou para que tal não acontecesse e conseguiu que o Capitólio fosse inserido no "World Monuments Fund", na lista dos 100 edifícios de interesse histórico mais ameaçados. Esta acção levou a que actualmente a C.M.L. tomasse a decisão de manter o Capitólio, como espaço teatral, e abrisse um concurso internacional para a restauração do mesmo seguindo o projecto original do arquitecto Luis Cristino da Silva. 
 Em 2009, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade a atribuição do nome do actor Raul Solnado ao Cine-Teatro, visto que Raul Solnado chegou a ser empresário do Capitólio, mesmo que por pouco tempo, como também devido ao seu passado artistico em revistas no Parque Mayer.
O projecto de Reabilitação do Cine-Teatro Capitólio (agora denominado Teatro Raul Solnado) e o Plano de Pormenor do Parque Mayer são da autoria, respectivamente, de Alberto Souza de Oliveira e Manuel Aires Mateus.

TEXTO RETIRADO DO BLOG
cinemasparaiso.blogspot.com

LOCALIZAÇÃO



 

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