Tudo começou com «ANTÓNIO FRANÇA BORGES», um jovem combativo que viera cedo de «SOBRAL DE MONTE AGRAÇO» e em LISBOA exercera o cargo de funcionário da fazenda.
Muito mais do que a burocracia, interessavam-lhe, porém, a política e o jornalismo.
Pertenceu as redacções de vários jornais como a «VANGUARDA» ou «A PÁTRIA», mas foi «O MUNDO», que fundou, que lhe deu notoriedade.
Este jornal cedo se tornou numa força demolidora, não só da ditadura de «JOÃO FRANCO» (primeiro Ministro do Rei D. Carlos) como da própria Monarquia. O estilo agressivo de «FRANÇA BORGES» tornou-se numa arma republicana. No entanto, embora acabasse por ser figura cimeira do «PARTIDO DEMOCRÁTICO», sempre recusou quaisquer cargos oficiais, após a implantação do novo regime.
Apareceu «O MUNDO» em 16 de Setembro de 1900, com sede na «RUA DAS GÁVEAS, 91-1º». O prédio onde nasceu, sofreu profundas obras de remodelação, em parte custeadas pelo grande comerciante «Luís Grandella».
Assim, a parte nobre do edifício ficou virada à então «RUA DE S. ROQUE, 95-103». No cimo, passou a figurar um globo terrestre, de pedra, símbolo do MUNDO.
A primeira República
quis testemunhar o seu apreço ao jornal que fora seu propagandista e ao
director que pagara com a prisão alguns atrevimentos. Apareceu assim a «RUA DO MUNDO», onde fora de «SÃO ROQUE».
«FRANÇA BORGES» morreu cedo, em 1915. O jornal perdurou: ainda teve directores como «CARLOS TRILHO» e «URBANO RODRIGUES».
Mas parecia ter-se apagado a chama. «O MUNDO» teve interrupções e acabou por fechar. Em 1925 «O MUNDO»
é vendido, mas o seu edifício ficou como memória de uma época de
grandes transformações políticas e intensa actividade cultural.
O prédio acabou por ser adquirido por outro jornal que estaria politicamente nos antípodas: o «DIÁRIO DA MANHû, que foi órgão da União Nacional, claro que não se justificava a manutenção do topónimo «O MUNDO». Mas é certo que a «S. ROQUE» também não regressou. A rua passou a ser «da MISERICÓRDIA», numa espécie de solução de compromisso.
O antigo edifício do jornal «O MUNDO» foi reabilitado com um projecto do arquitecto «SIZA VIEIRA» e, mantendo a estrutura inicial, abriu as suas portas à «ASSOCIAÇÃO 25 DE ABRIL» , que aí se encontra sediada com uma galeria de exposições no piso térreo.
TEXTO RETIRADO DO BLOG RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA
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