A Sé de Lisboa, inicialmente designada de Igreja de Santa Maria Maior, foi mandada construir em 1150 por D. Afonso Henriques, três anos depois de ter conquistado Lisboa aos Mouros.
Foi construída no local de uma antiga mesquita, para o primeiro bispo de Lisboa, o cruzado inglês Gilbert de Hastings.
Os três terramotos que a devastaram no século XV, bem como o de 1755, foram bastante inclementes para com a Matriz de Lisboa, dedicada a Santa Maria Maior, que sofreu danos e foi sendo renovada ao longo dos séculos.
Construída, ao que tudo indica, sobre a antiga mesquita muçulmana, o primeiro impulso edificador da Sé de Lisboa deu-se entre 1147, data da Reconquista da cidade, e os primeiros anos do século XIII, projecto em que se adoptou um esquema idêntico ao da Sé de Coimbra, com três naves, trifório sobre as naves laterais, transepto saliente e cabeceira tripartida. Nos séculos seguintes deram-se as transformações mais marcantes, com a construção da Capela de Bartolomeu Joanes, do lado Norte da entrada principal, o claustro dionisino, que apesar da sua planta irregular se inclui na tipologia de claustros góticos portugueses e, especialmente, a nova cabeceira com deambulatório, mandada construir por D. Afonso IV para seu panteão familiar.
Sé de hoje é uma mistura de estilos. O interior é de três naves com seis tramos, sendo a central coberta por abóbada de canhão e as laterais por abóbadas de aresta, com um falso trifório em grande parte do seu perímetro superior. O transepto é igualmente abobadado, coroado por rosáceas em ambos os topos. A cabeceira, substituída nos reinados de D. Afonso IV e D. João I, seria provavelmente formada por ousia e dois absidíolos semicirculares abobadados. No coração do templo, o cruzeiro era iluminado por uma torre-lanterna de vários andares, caída em 1755. A fachada, com as duas torres sineiras ameadas, bem como a esplêndida rosácea, mantém um sólido aspecto românico.
O escuro interior é na sua maior parte simples e austero e já quase nada resta dos embelezamentos feitos por D. João V na primeira metade do século XVIII. Para lá da neve românica renovada, a charola tem nove capelas góticas.
Na Capela de Santo Ildefonso pode-se ver o sarcófago do século XIV de Lopo Fernandes Pacheco, companheiro de armas de D. Afonso IV, e da sua esposa Maria Vilalobos.O túmulo está esculpido com a figura barbuda do nobre, de espada na mão, e da esposa, com um livro de orações e os cães sentados a seus pés. Na capela adjacente estão os túmulos de D. Afonso IV e da esposa D. Beatriz.
O claustro gótico a que se chega pela terceira capela da charola, tem duplos arcos elegantes com belos capitéis esculpidos. Uma das capelas ainda exibe um portão de ferro forjado do século XIII. Nos Claustros, as escavações arqueológicas revelaram vestígios romanos e outros.
À esquerda da entrada a capela franciscana contém a pia onde o santo foi baptizado em 1195, e está decorada com azulejos que representam Santo António a pregar aos peixes. Na capela adjacente existe um Presépio barroco feito de cortiça, madeira e terracota de Machado de Castro.
O tesouro encontra-se no topo da escadaria, à direita. Abriga uma variada colecção de pratas, trajes eclesiásticos, estatuaria, manuscritos iluminados e relíquias associadas a São Vicente.
A peça mais preciosa da catedral é a arca que contém os restos mortais do santo, transferidos do Cabo de São Vicente para Lisboa em 1173. A lenda diz que dois corvos sagrados mantiveram uma vigília permanente sobre o barco que transportava as relíquias. Os corvos e o barco tornaram-se no símbolo da cidade de Lisboa. Diz-se também que os descendentes dos dois corvos originais viviam nos claustros da catedral.
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